Custa sempre perder um amigo, seja na sequência das nossas acções ou de reacções a atitudes terceiras. Há qualquer coisa de inconsolável, no acto de vermos aquela pessoa virar as costas e seguir outro caminho que já não acompanharemos.
Quando um amigo morre subitamente e depois de ultrapassado o choque de aceitar os maus figados do destino, sentimo-nos acalentados na ideia de que enquanto ele partilhou o nosso quotidiano, aproveitamos ambos de todo o carinho, a responsabilidade, a alegria, a partilha que o facto de gostarmos um do outro encerra. Pode já não estar entre nós, mas fica sempre presente nas memórias que partilhamos entre outros amigos, nas fotografias, nas frases que passam em flashback com os sorrisos dele.
Perder alguém por desistência não tem nobreza, melancolia ou tempo que console. Desistir de alguém em prol do nosso bem estar, pode ser uma atitude sensata e adulta, mas não é um gesto que acalme o espírito. Mais do que a dor da opção tomada, o que mais marca é a raiva da desilusão. Quando genuinamente gostamos de alguém que guardavamos acima de qualquer mácula e essa pessoa se revela em atitudes tristes, desrespeitosas, cínicas e até cruéis, há uma parte de nós que secumbe de peito aberto ao golpe da espada. Porque não esperavamos, porque não se quer acreditar, porque nunca na vida seriamos assim enganados!
Procuramos justificações, discutimos para nós razões, negamos até á ultima que possa ser verdade, até que exaustos da espera da comprensão ou do esclarecimento apaziaguador, que tentamos encontrar a custo, nos vemos obrigados a aceitar.
É por isso que se perdoa tudo a um amor: a traição, o crime, os maus tratos, a solidão mas é tão dificil esquecer quando se joga fora uma amizade.
É por isso que se perdoa tudo a um amor: a traição, o crime, os maus tratos, a solidão mas é tão dificil esquecer quando se joga fora uma amizade.
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