sexta-feira, janeiro 16, 2009

Stacey Kent - You ' ve got a friend

A propósito de amigos...a não perder dia 24 de Abril em Lisboa!!!

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Mexia sofria de amores...

Nunca fui muito à bola com o Pedro Mexia, ou para ser verdadeiramente sincera muito que não vou á bola com o Pedro Mexia. Foi ele a minha primeiro desilusão de adolescente, ao verificar que o fascínio que acalentava pelo escritor (entenda-se aqui “escritor” no sentido da pessoa que escreve, se exprime e se expõem) e a figura em si não se suportavam. O segundo foi o João Chaves e o Oceano Pacífico.

Há qualquer coisa de “impermeável” nele que me causou comichão na espinha e me fez deixá-lo cair para a prateleira dos Gajos(as) Com Quem Não Vou à Bola Mas Em Dias de Nevoeiro Até Gosto de Ler...Cada vez tenho menos pachorra para o estendal de roupa da intelectualidade. Nos dias que correm tanto me faz que seja à esquerda ou à direita. Aquele número do eu li mais livros que tu, a minha mesinha de cabeceira parece o escaparate da Bertrand (sim, porque da Fnac seria coisa de pobre de espírito),comento tudo e um par de botas e sou tão versado que posso discorrer uma hora sobre qual o melhor batedor de claras em castelo.; põe-me nervos em franja. Já agora,sou tão Gourmet que nunca, jamais , em tempo algum compraria uma Bimby.

Aqui há uns tempos, num outro Blog de uma Senhora com quem não vou à bola sem que a figura em questão tenha contribuído para isso, apenas questões de linhas cruzadas e interferências sensitivas, descobri que o Pedro sofria de amor. Fiquei curiosa sobre de que forma “sofre” de amor um rapaz tão ocupado, com tantos livros para ler, assuntos para falar e uma Cinemateca para gerir. Lamento informar, mas a verdade é que comecei a gostar dele. Outra vez. Simpatizo com o moço, mesmo quando ele passa à frente de uma senhora ou não abre a porta para que ela passe. Tão fino, tão fino...se calhar é o lado distraído dele.

Não é menos verdade que desde que manifestei a minha crescente simpatia pela figura, aumentei as visitas ao blog. A quantidade de gente que procura por ele, não deixa de me surpreender.
É pena mas ele não anda por estes lados. Acho mesmo que ficaria horrorizado com os erros, os desvarios, o conteúdo deste site. Mas, como ele até tem umas coisas acertadas, deixo aqui como testemunho da minha crescente afeição, um texto publicado no Público de 16/08/2008 a propósito dos amigos que se perdem. Muito actual, infelizmente.



“A amizade é uma experiência mais frequente que o amor; mas todos os dias ouvimos histórias sobre ex-maridos e ex-namoradas, ao passo que pouca gente fala dos ex-amigos.
E ao nosso lado há amizades que acabam, como uma implosão de um edifício em ruínas, estrépido abafado e uma grande nuvem de pó. Disso fica apenas um grande silêncio.
As pessoas não gostam de reconhecer que a amizade é um laço frágil. A mitologia diz que os amigos são indestrutíveis e eternos. Há por isso um grau de decepção no fim de uma amizade que cobre de vergonha os envolvidos.
… Quando o amor acaba, a tragédia é minimizada porque já sabíamos que “o amor acaba”. O fim de uma amizade é uma surpresa mais chocante. Quando uma amizade acaba temos que reconhecer, contrariados, que a amizade, tal como o amor, é uma eternidade fraudulenta.
… A amizade suporta bem opiniões divergentes. Eis o que uma amizade não aguenta: deslealdades, traições, ausências, crueldades, competições, impiedades.
Já passei por algumas rupturas violentas, e sei que as amizades acabam porque pomos em causa o carácter do amigo. Reparem que não me refiro às amizades que se desvanecem, à intensidade que diminui, às pessoas com quem vamos perdendo contacto aos poucos, sem premeditação, só porque mudaram os nossos hábitos ou as nossas circunstâncias. De tempos a tempos, todos temos amigos de quem já não somos amigos. Mas isso é muito diferente de um ex-amigo.
Um ex-amigo é alguém a quem um dia entregamos as chaves todas que tínhamos. Teve acesso total às nossas ideias e emoções. Um ex-amigo foi sempre um amigo íntimo. È isso que explica o decoro antiquado com que evitamos o assunto.
O ex-amigo representa um juízo ético errado. É uma mancha humana. Um momento em que nos enganamos completamente sobre a humanidade, ou sobre um humano concreto.
É fácil dizermos “eu achava que estava apaixonado” e garantirmos que confundimos o amor com uns olhos azuis. Mas com um amigo, que é um peixe de águas profundas, não temos essa desculpa.
Quem é que diz “eu achava que era amigo dele”?
O fim de uma paixão revela um erro comum. O fim de uma amizade é um erro pessoal. Sem direito a perguntas.
O ex-amigo nunca nos é indiferente. Uma das minhas regras sagradas é que nunca digo mal de um ex-amigo. Isso é tanto mais estranho quanto sou capaz de dizer mal de um amigo, em casos graves.
Mas um ex-amigo é como uma investigação policial inconclusiva. É um caso arquivado por desistência e que pesa na consciência. Se eu criticasse um ex-amigo era como se ele ainda fosse meu amigo. E isso seria uma sensação incómoda.
Ao mesmo tempo, o ex-amigo não é exactamente um inimigo. È um fantasma, uma assombração de que nos lembramos sempre…
O amigo entrou na Cidade Proibida e agora não nos perdoamos que ele tenha visto os leões e os archeiros.
…Nunca perdoamos o entusiasmo lúcido com que fizemos um amigo e depois o perdemos.
Não estamos sequer arrependidos: - estamos tristes com uma tristeza mais suportável e mais duradoura que a tristeza amorosa.
Quando nos cruzamos com um ex-amigo e não nos cumprimentamos, pesa no coração o logro que é a fraternidade. Sem a qual a igualdade e a liberdade afinal não valem nada."

Coldplay - Viva La Vida

A musica e as pessoas. É natural associarmos músicas com vivências e pessoas. Seja o momento em que ouvimos determinada musica pela primeira vez, seja a pessoa com quem partilhamos esse momento, seja apenas uma palavra ou sentimento que nos coagita associações. É uma coisa pavloviana.
Lembro-me perfeitamente do momento em que ouvi este cd pela primeira vez. Lembro a decoração da sala, os sorrisos, a disposição das pernas, o silêncio confortável ao toque que se exercia por ser algo que por vezes não se consegue evitar.O estar e deixar-se dormir porque era assim que o corpo pedia.
No entanto, esta musica tem duas caras. Duas caras radiantes e sorridentes e profundamente belas. Duas vozes que a mal acompanhavam a letra sempre a decibéis acima do permitido. Que pediam com modos a jeito de ameaça velada...põe aquela musica enquanto se acelarava pela estrada fora e o sal se dispersava o ar á mistura com a areia.
Ontem, quando vos vi era esta a música que tocava no carro. Não pude conter as lágrimas á mistura com a ternura. Á mistura com uma admiração profunda e os sentimentos confusos de quem na perda também ganhou.
Sim Princesa...aquelas estrelas no céu são só para ti. Sim...eu irei sempre gostar de ti e tu serás sempre uma cara de lua cheia e seixos redondos e polidos que brilhavam mais que qualquer outra jóia. Sim Princesa o teu cabelo cheira sempre bem, as ondas dos teus caracóis vão sempre crescer e as fadas existem, e as estrelas que vês são tuas. Emprestas-me algumas para acalmar a saudade?