sexta-feira, março 28, 2008

195.23.23.187


Preludio de Sexta


Eu sei que disse que sim mas, lamento...não tenho tempo para sofrer!

quinta-feira, março 27, 2008

No one ever expects the Spanish Inquisition...

Conversa da minha filhota de 5 anos para evitar ter que ir para a cama, passada em frente do computador, enquanto me ria no MSN com um amigo.

- Mãe...com quem estás a falar?
- Com um amigo.
- E como se chama o amigo?
- Chama-se X.
- E quantos anos tem?
- Tem Y.
- E porque te ris tanto sozinha?
- Porque o meu amigo está a dizer umas patetices...
- Mas ele é tolo?
- Não. É Divertido.
- E ele não tem nada melhor para fazer?

....calei-me. Pensei um pouco e respondi.
- Não. Acho que não!
- AHHHHHH. Então é porque não presta...deve ser mesmo feio!

Ainda estou para descobrir de quem herdou esta criança as capacidades dedutivas e o seu lado pragmático!!!!

Pastora

Yo tambien...

quarta-feira, março 26, 2008

cuecas, pelos e putos estragados

Há dias em que a nossa boca tem vontade própria. Na maior parte do tempo lá a vamos conseguindo controlar, mas se ao de leve alguém se chega demasiado ou tem o azar de pronunciar alguma ideia que me incomóda, está o caldo entornado, porque da bela boquinha sossegada podem saltar chizpas de fogo. Foi o que se passou hoje e os pobres destinos da minha loucura contida foram dois jovens adolescentes que, neste momento devem estar a ponderar nunca se envolverem com uma Balzaquiana sem antes ultrapassarem as considerações que os tornaram um alvo tão apetecível para o meu mau feitio.
Pois bem...lá estavam os putos, na esplanada do café sentados a beber uma cervejola traquila, quando começam a comentar a noite da próxima sexta-feira, quando um deles iria "finalmente" levar a água ao seu moinho, com a miúda com quem anda a curtir. O amigo levado na desenfreada fantasia da dita noite, pergunta:

- Então e já a viste nua?
- Não...mas já a vi de roupa interior. Na semana passada quando nos enrolamos em casa da Rita.
- E que tal...boazuda?
- Não está mal, mas é bom que na sexta já esteja depiladinha. Até me passei com os pelos. Acho horrivel uma mulher não ter sempre a depilação feita. Parece um macaquinho. Deviam estar sempre arranjadas. Nunca se sabe quando a sorte toca!E eu gosto delas lisinhas.

Não pude deixar de ouvir a conversa e não me contive. Perguntei:

- Algum de vocês já se depilou alguma vez?

Atónitos olharam para mim e meio envergonhados disseram:

- Não se passe. Isso é para os Gays.

Resultado...lá acabei por lhes explicar que estar sempre, permanentemente depilada, é algo que é dificil, doí ou fica caro. E há coisas bem mais giras do que estar constantemente a pensar no pelo.
Além disso, não esperem que um dia quando tiverem uma relação a sério ela esteja sempre perfeitinha, bonitinha, cheirosinha. Para isso arranjem uma insuflável.

A verdade é que me irrita profundamente essa mania que os homens tem de nos querer sempre perfeitas, mas de nunca pensar nas coisas que neles nos irritam, sem que tenham o cuidado de as mudar, ou controlar e esperando que nós, como boas samaritanas e meninas mais ligadas ao afecto, as coloquemos de lado. Pois bem, enganam-se!

-Nós também não gostamos dos vossos monte de pelos, que, por vezes nos faz parecer que dormimos com um urso de peluche. Faz cocégas, por vezes não cheira bem e em dia de calor fica empestado. Na parte que me toca, e ainda que os prefira com um pouco de penugem, admito que só muito amor nos faz aceitar isso como algo....quasi, quasi, quasi sexy...mas pouco!

- Adoram que usemos roupa interior sexy, lavadinha, cheia de rendas, justinha e que nos faça parecer uma louca na cama. Mas, nós, temos que levar com a cuequinha de gola alta, anti-tusica e na pior das hipótese escolhida pela mãezinha. Graças a Deus e à Intimissimi já vão aparecendo alguns com bom gosto.Também não gostamos de vos ver nús, de meia preta, a mostrar o dedão do pé. Não há amor que resista a essa imagem.

Pois é amigos...nós, fazemos menos barulho, mas comemos muito mais com os olhos!
"Uma Rapariga começa a ter uma vida difícil muito cedo. Sobretudo quando tudo dura pouco tempo. Sem protecção do pai, dos anjos ou de Deus, ninguém sabe o que se pode, não se pode nada. Por isso com a alma aflita, uma rapariga procura sentimentos recíprocos em muitos sítios onde não devia, em que já sabe que não vai encontrar nada de jeito, porque os vícios colam-se às pessoas quaisquer que elas sejam, más ou boas. E depois é tarde e uma rapariga é um ser volátil que se queima.(...)
Isso faz sofrer muito. E nem todas as maneiras são boas para esquecer o que faz sofrer. Por isso ria muito e saía muito e deitava-se muito tarde. Às vezes quase com quem calhava, porque também não importava muito. Mas quase sempre sozinha com um urso de peluche.
É horrível saber que se pode ter este rapaz e aquele e todos este senhores tão ricos e bem vestidos e perfumados e não haver nada que se queira fazer com eles a não ser matar o tempo.
(...)Quando ainda se acredita que no mundo há coisas preciosas, cada vez mais preciosas porque cada vez mais raras e difíceis de encontrar quanto mais de viver.
(....)Eu dizia-lhe que gostava muito dela. Ela dizia que me adorava. Nenhum de nós acreditava. Queríamos muito acreditar e não conseguíamos. Fazia doer."


"Desejei-te ontem, de mais, e hoje também. Todos os dias são o mesmo dia quando te desejo assim. Só penso em ti. És inigualável. De olhos fechados consigo encontrar-te noutros corpos, mas só o teu amo de olhos abertos. Amo-te de mais. Dormi agarrada à camisola de que te esqueceste. Ela ainda tem o teu cheiro. Vou guardá-la numa caixa para continuar perfumada. Não te a darei de volta. Não peço o teu amor. De ti não exijo nada. Mas nunca me digas que o amor é impossível. Tu fazes-me viver, sonhar, acordar com pesadelos. Tu és o meu diamante solítário e entre nós não há qualquer contrato.
Quando te escrevo tu não foges das minhas páginas. Quando te escrevo tu ressuscitas a minha alma. Acompanho o teu sorriso de longe e de perto(...). Guardo comigo o teu olhar e sei que te recordas do meu corpo a tentar convencer-te que o meu amor é inteiro, embora nunca o seja o bastante.
É bom desconfiar do amor porque ele às vezes é traiçoeiro, metamorfoseia-se em reles sentimentos, eras tu que mo dizias. Eu não concordo."

Pedro Paixão

domingo, março 23, 2008

verso em branco à espera de futuro

"No teu poema
existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira,
um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e, aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia
e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio,
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco,
a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
dor que sei de cor mas não recito
e os sonhos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um canto
chão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco,
a raiva e a luta de quem cai
ou que resiste,
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda escapa
e um verso em branco à espera de futuro."

José Luis Tinoco

*obrigada pelo teu "canto chão Alentejano"

Adeus (as palavras estão gastas)

Já gastámos as palavras pela rua,
meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.

Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes

E eu acreditava.
Acreditava.
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,

era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É
pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus."


Eugénio de Andrade

Caderno de encargos...

“A human being should be able to change a diaper, plan an invasion, butcher a hog, conn a ship, design a building, write a sonnet, balance accounts, build a wall, set a bone, comfort the dying, take orders, give orders, cooperate, act alone, solve equations, analyze a new problem, pitch manure, program a computer, cook a tasty meal, fight efficiently, die gallantly. Specialization is for insects.”

Jonh Steinbeck

* apenas para quem cumpra todos os requisitos

Sem prazo de entrega...

"Soneto de amor

Não me peças palavras,nem baladas,
Nem expressões, nem alma...~
Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce! "

José Régio