sábado, março 08, 2008

Feliz dia da mãe

Logo quando achava que o dia internacional da mulher não podia ser grande espingarda, depois de ter perdido o concerto que mais ambicionava assitir, devido a escolhas inerentes á maternidade eis senão quando a mesma maternidade me faz perceber porque faço eu parte da outra costela com direito a dia festivo.
O meu príncipe perfeito, o meu filho lindo de 8 anos, vindo da festa de anos do seu avô, me oferece uma garrafa de vinho que com o seu jeitinho sonhador e atento cravou ao aniversariante para me oferecer a mim.
Não devo estar a fazer um mau trabalho, concluo de sorriso babado enquanto provo esta prova de amor.

My funny valentine

"Maria...sabes...

O que direi quando a cidade nos cruzar na esquina? Estaremos sós? Será que os olhos se encherão de lágrimas ou brilhos? Será que as palavras serão cuspidas, ou embrulhadas a jeito de significar mais do que realmente significam?

Perco tempo, que não tenho, a pensar em detalhes de conversa como se de deixas importantes se tratasse para dar sentido à peça que já saiu de cena. O último actor continua sentado no palco a interpretar as palmas do público, absorvendo o calor efémero que o aquece na casa vazia e fria, onde o papel de galã se deixa do lado de fora da porta.
Não entendo o silêncio construído ao contrário de ti. A cidade não te esconde por muito que te escondas dela, aprendi com o tempo. Não adianta adiar os regressos aos sítios onde se foi feliz, porque mais cedo ou mais tarde essa mesma memória estará num qualquer beco onde nem te lembras de ter passado.
Por muito politicamente correcto que seja por obrigatoriedade das circunstâncias não entendo, não quero entender.
Talvez ainda te ame.
Talvez.
Mas tenho para mim que este amor não tem destinatário, porque se encontra em parte incerta, no país feito a lápis de cera, de onde nunca saiu.
Do outro lado de mim ris, menino que de rosto afrontado te atira á cara um amor que sufoca, desleixado e desastrado que tenta rotular de meia dúzia de sentimentos escondidos. Fica-se pelo plano dos segredos mal passados de ouvido em ouvido, sussurrados a troco de promessas quase verdadeiras.Afinal de contas o amor é um jogo de probabilidades onde aquilo que mais nos atrai é quase sempre aquilo que nos faz mal.
Não é bonito o espectáculo do amor que não se quer, mas gostamos de o ver para sentir que ainda que o mundo se desmorone alguém nos quer. É uma forma de morbidez similar á que nos faz abrandar quando passamos por um acidente, só para respirar fundo e pensar com os botões “ainda bem que não fui eu ou alguém que amo”!
Convencemo-nos que se trata de uma curisidade altrúista, de quem se preocupa mas no fundo sabemos que não passa de um capricho do ego. Por isso não partes totalmente. Todos os dias te surpreendo atrás da cortina daquela janela que não dá para a rua, á espera de me veres passar e assim perceberes se continuas lá comigo.

As palmadinhas nas costas guarda-as para os amigos cuja amizade não necessitas, mas tens. A pena usa-a para escreveres o que do outro lado de ti luta para equilibrar os dois pés no corpo de gente crescida que se quer sempre funcional. Engana-os a todos com o teu jeito sonhador e o sorriso desenhado a custo de muitas palavras bonitas e versos de outros cantados baixinho. Veste o teu melhor vestido de cerimónia e encanta-os a todos com os teus conhecimentos de lombada e secretária, torna-te a mulher perfeita, a amante disponível, a amiga que leva todos os embates, a falta de respeito, a contenção do abraço mas mesmo assim está lá.

Eu? Esperarei como sempre que o tempo te leve de mim. Que as tuas palavras se percam na renovação dos neurónios até que não sejas mais do que a miúda que adora chapéus. Que a luz se apague por despeito do teu rosto. Que as horas corrompam tudo o que de bom me deste. Que os presentes se percam por mãos alheias. Que outros presentes cheguem. Que outros sorrisos me abracem. Que outros recados povoem as minhas manhãs ao acordar. Que boas noites mais quentes me dispam. Que mãos mais ágeis me guiem.
E, se ainda assim o meu amor por ti permanecer inventarei um final trágico e solitário que combine o teu ar de filme noir, com as lantejoulas de um cabaret e se um dia a cidade insistir, fecharei os olhos e passarei por ti do mesmo modo que passaste pela minha vida…sem tempo."

sexta-feira, março 07, 2008

Rostos no Trânsito

É à luz do final do dia que se começa a despir, por entre corropios do trâsito ou na calmaria das últimas gotas de sol a cair sobre a mesa e a perderem-se no liquido cru do copo, que me assalta essa nostálgia, esse desassossego de alma, que assume por vezes um nome e me acompanha. É no último dia da semana de trabalho que se descansa, onde surge essa vontade louca, irresponsável, insensata, adolescente de mandar para trás das costas as minhas razões e as dos outros, e correr em direcção ao desejo, ao impulso animal que me condena.
Há um momento em que páro e leio o mundo e percebo que ele nem sempre é assim tão linear.
Regresso a casa para o mundo como ele pode ser.

«Às vezes, como náufragos, precisamos de nos agarrar a uma reminiscência banal, para evitarmos que tudo se dissolva na falsa enunciação da memória, na sua trágica encenação de efeitos sem correspondência com a realidade».

António Mega Ferreira, Amor, Lisboa, 2002.

quinta-feira, março 06, 2008

O amor é um burro teimoso!

Uma boa descoberta

Adriana Calcanhotto de regresso aos coliseus
Adriana Calcanhotto vai actuar a 19 e 20 de Maio no Coliseu dos Recreios e a 29 e 30 do mesmo mês no Coliseu do Porto.
A cantora vem apresentar o novo espectáculo «Maré». Para Lisboa, o preço dos bilhetes varia entre os 25 e os 50 euros.
No Porto, entre os 20 e os 50.

quarta-feira, março 05, 2008

Sopros

E então sopro-te ao ouvido “está tudo bem”.
Aperto-te com força e abraço-te inteira, e por segundos tu acreditas.

E todos os momentos em que me entrego ao vicio, lanço no ar recados poetas que me exprimem, que me libertam. E aos poucos vou ficando mais leve, ou mais habituada, talvez. A ausência como qualquer outra circunstância na nossa vida vai-se tornando familiar, vai-se repetindo dia após dia, até se tornar a velha pantufa que parece fazer parte de nós, que nos desconstrói e conforta. Conforta porque sabemos que passou, que ficam apenas memórias simpáticas, lições, sermões e muitas gargalhadas.
Na ausência aprende-se muito. Acima de tudo a nosso respeito. Chocada e tantas vezes, boas, surprendida descubro em mim um outro que me agrada, me desperta e me completa na consciência de mim.

O tempo que vai passando, seguindo em frente é o mesmo que se vai descontando do final. E isso é algo que não me posso permitir esquecer.

terça-feira, março 04, 2008


Schiuuuuuuuu...porque há silêncios que não se podem guardar.
" A vida é uma combinação de coisas que se repetem e de coisas que só acontecem uma vez. O curioso é poderem ser as mesmas. "

desconhecido