terça-feira, março 18, 2008

Ar(dor) do meu amor


“Desvairada, ternamente desvairada no corropio de mim. De mãos que sobem á sucapa pelos caminhos a nú da noite.
Gomos que mastigas no beijo, que se consente,
Repete, repele
Agarra.
Mordo-te a nuca e escalo-te a pele que geme, que soluça que marca a sombra do que não há.
Repito o teu nome, uma e outra vez e tu soluças, e choras em arco-iris.
Quero-te minha
Morta de tudo que não seja eu.
A parede branca e fria
Escorre a humidade de nós,
Grito-te,
Enlaço-te,
Abraço-me a ti,
Mas tu não devolves...

Mordo-te a boca e entrego-me no silêncio da ausência de respiração,
Contenho-te,
Embalo-te,
Como-te sofregamente.

Tu aceitas,
Tu olhas e não falas.
Chamo-te, insulto-te,
Rebento-me em ti
E tu calas.
Choro
Tu sorris.
Aconchego-te.
Embalo-te.

Tu deitas-me.
Tu tapas-me.
Tu beijas-me.
Tu partes.

Vejo-te o corpo nú trémulo
Ás marcas de mim em ti,
O teu ventre cheio,
As costas que não voltas,
Para não voltares em mim.
Tu não és
Tu és Outono quente e doce e morno
Eu sou verão temporal
Tu és verde relva macia e fresca
Eu sou areia áspera e morta,
Tu és dele.
Eu sou teu."

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