sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Estrada Nacional ou auto-estrada...

Ele: É verdade que vocês, mulheres, fingem orgasmos?

Ela: Claro que sim!

Ele: Comigo não. Elas não fingem os orgasmos tal como eu não finjo os preliminares.

Ela: Tem a certeza?

Ele: Como é que eu tenho a certeza? Ora, elas disseram-me! Está insinuar que não deveria ter acreditado?

Ela: Não...de todo...fica-lhe bem acreditar. Nós, mulheres, achamos sempre alguma graça a esse lado da ingenuidade masculina.
Além disso, a prova de que o fingimento é um prazer necessário, é que enquanto nós sabemos que é o gozo da viagem o objectivo e não o destino,...os homens se sentem apaziguados nas suas dúvidas existênciais ao crer que nos fizeram chegar lá, cumprindo essa lei universal de saberem sempre ler os mapas e não precisar de pedir indicações...

Até nos podem levar ao destino, mas há uma diferença entre o prazer do passeio tranquilo e a rapidez da auto-estrada...

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Oblivion | Piazzolla ou

Carlos Reynolds

Danço entre as gotas que lavam a calçada,
pés descalços terra quente,
cheiro podre de terra,
palco,
espelho,
montra cheia.
Manequins bailando
um tango despernado,
e tu,
sentado mexendo os fios,
escritos na boca...

The persuit of hapiness

Um habitue anónimo desafiou-me a discorrer sobre a felicidade, defini-la ou desmontá-la.
No meu arquivo de conceitos vividos, a felicidade não é mais que o espaço que está entre aquilo que não se quer e o mais que se ambiciona.

A felicidade é um peixe de escamas luzidias mas escorregadias, que se pavoneia no lago de expectativas onde nos olhamos diariamente. Tenta-nos como se tenta um cão faminto a correr atrás do osso com restos de carne e nós, desejosos de poder dizer que é nossa, lá corremos, saltamos, nadamos e fazemos o pino atrás dela. No fim, esgotados, percebemos, com sorte, que nessa tentativa de agarrar a felicidade se desenvolveu em nós capacidades que melhoram a espécie.

A felicidade é a meca da existência.

Desde pequenos que nos ensinam que a felicidade é a maior conquista de um ser humano, mas que eu me lembre, nunca ninguém a soube agarrar e meter num frasco, para que lhe possamos medir a massa, a dimensão, a textura ou a consistência.

Consta que quanto mais se tenta agarrar a felicidade mais ela se espalha e contagia. É talvez um vírus. Mas como até os vírus têm critérios de propagação e nem todos nós sofremos de gripe na mesma escala, alguns há que não têm a sorte de uma baixa remunerada.

A beleza e o poder da felicidade reside no facto de não poder ser definida, desmontada, ou guardada numa caixa. É ser na realidade um conjunto de momentos kodak que cada um de nós guarda e que tantas vezes revê na esperança de repetir o momento.
A felicidade é pequenina como o grau de areia da ampulheta da vida, infinita como o segundo do abraço dos lábios opostos que se desejam como se não houvesse amanhã...efémera como o perfume da tília em noite de primavera, quebradiça como o cristal, valiosa como o diamante raro, única como cada um de nós.

Apesar de difícil de a enquadrar num conceito único que reúna consenso, cada um de nós sabe qual é o seu sabor, qual a cor, qual a magia.

A felicidade é amante de todos mas não é possuída por ninguém.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Serendipity again...

Lembro o chão. Ás luzes, os olhares, a lágrima, o sorriso, o corpo, o calor, o querer mais que tudo, o mundo a começar onde acaba...
É um lembrar que faz tão bem...

Missing




"És linda como o horizonte e chata como o búfalo!" - Pilarência

(só espero que não seja o horizonte que olha o búfalo)

O meu pé de vida

Quando soube que ia ser mãe, toda eu fiquei feliz. Ainda que por momentos a angústia da novidade, da ansiedade, da incerteza tenha tomado conta de mim, cresceu em mim uma convicção alegre de que tinha dentro de mim alguém especial.
Foste especial desde os primeiros momentos de uma gravidez complicada, diferente, por vezes até dolorosa. Eu queria-te. Queria-te muito. Contava os dias para o momento em que te teria nos braços, em que te olharia fundo nos olhos e perceberia a razão daquele amor tão incondicional.
Do momento em que saíste de mim, em que nos separamos, em que passou a ser tu e o mundo e não apenas um nós seguro, lembro a ausência da força. Não te consegui pegar. Riam do meu estado esgotado, mas sabia-te bem e saudável e podia permitir ao mundo, ao teu pai, aqueles momentos únicos.
Quando te trouxeram vestido e lavadinho, bem embrulhado, colocaram-te entre as minhas pernas. Confesso que essa forma de te transportar me fazia confusão. Mas essa sensação logo se esfumou quando um amontoado de almas excitadas te adoravam, se derretiam e trocavam piropos sobre as parecenças. Eu, que sou uma pessoa incapaz de ver parecenças em bebés, sorria por dentro. Por confirmar o quanto adorado e esperado eras.
A tua avô delirou contigo desde o momento em que te viu. Como ela te amava. Sinto saudade dos telefonemas diários dela, para saber do “nosso menino”. De manhã para saber como passaras a noite, se comeras bem, se foste contente para a escola. Á noite só para te saber feliz. Mesmo quando estava doente, muito doente meu amor, ela queria estar contigo. Esforçava-se porque sabia o quão bom isso era.
No dia do teu primeiro aniversário disseste “olá”. Subiste apoiado e devagar as pequenas escadas, encostaste-te à floreira e disseste “olá” a sorrir para uma plateia que se deliciava.

(continua)
O arrependimento não tráz paz de espírito, apenas prova à nossa consciência que poderiamos ter feito melhor.

O velhinho do ISCSP

Chegada da Palmeira ao Palácio do Conde de Burnay, Rua da Junqueira, Finais do Século XIX.

Saudades do que se viajou na mayonese à sombra dessa palmeira...

Feliz Aniversário


O alarme do telemóvel apitou para me lembrar do teu aniversário, como se fosse necessário.
O Pulga viu o teu nome e entusiasmado queria dar-te os parabéns. Arranjei uma desculpa esfarrapada para não te ligar como eles pediam...era demasiado cedo, estarias a dormir.

Eles não entendem este conceito de amigos mas não tão amigos assim.

A Goma gigante, contudo, á sucapa como é apanágio dela deu-me este presente para ti.

Ela, á maneira dela, não deixa ninguém ocupar o teu lugar e mostra que és bemvindo.

Eu, á minha maneira, torpe como sempre, desejo-te o melhor de sempre, ao longe onde estás.

Bem hajas, meu doce e querido M.