Os baloiços são a minha expressão máxima de uma liberdade desejada mas controlada, que tantas vezes me ajudou a ponderar.
Desde miúda que adoro baloiços, embora não me lembre muito desses momentos na minha curta infância.
Na minha fase louca de teenager ou de universitária errante, bastava sentir a euforia de uns copos ligeriramente perdidos ou a companhia de um ser extraordinário áquela hora da madrugada para desatar a correr e saltar muros, fugir aos seguranças e apenas baloiçar.
O desiquilibrio controlado, o vento na cara, a noite, sempre me ajudaram a reflectir, a encontrar uma serenidade de corpo e alma para todo o meu universo ser um pouco mais rosa. Choque, claro.
Por todos esses motivos deixo-me levar hoje, uma vez mais. Mas num balouçar menos seguro, menos frio, mais infantil. E o vento vai-me trazer a resposta á pergunta mais dificil que fiz.
Em palavras que são de cor, errantes, perdidas de outros momentos, de outras prisões, de santos segredos.
Relembro rostos e nomes e algumas pessoas. Risos. Espirros de alma de tanta gente que se ria. Não de mim, mas comigo.
Recordo que o mundo é bom. Intrinsecamente doce, quando não temos que ser o mundo de alguém e apenas nos basta levantar os pés e deixar a alma dançar.
Hoje vou dançar. Para mim. Dentro de mim. No meu baloiço.