sábado, setembro 04, 2004

Vinho bem esgalhado ou uma visão prática

www.winexmag.com

Muita Louco!!!Isto é que falar!!

Um chocho do George Clonney ou uma garrafa de Barão de B

Beber um Barão de B branco ( Alentejo)deve ser como ser beijada( ao de leve) pelo George Clooney. É atraente, encorpado, equilibrado ( pelo menos parece) rico, aberto mas o suficiente para deixar perceber um desenrolar uma noite de surpresas. Uma amostra de elagância um pouco/nada exôtica, com o fumo a marcar presença e um travo apimentado a crescer água na boca.
Um copo de sonho....

Não sei bem...

Porque ainda teimo. Escrever passou de um acto de libertação, de catarse, para um sofrimento calado. Não consigo escrever, as palavras são arrancadas aos solavancos e não querem ser paridas. Bloqueio de escritor, dizem alguns. Título bonito para algo que transparece um problema bem maior. A falta de inspiração. Cada um procura na sua vida algo que lhe envolva os sentidos, que desperte os instintos, que debite magia em forma de letras. Eu era capaz de o fazer. Mas já não o sou. Comecei este blog para poder lutar com os meus fantasmas e reaprender. Conseguir libertar o tanto que aqui tenho e não consigo dizer.
Batonnage, para quem não sabe é uma técnica utilizada as adegas. Pois é...o vinho tem um papel vital na minha vida.É o que me inspira, surpreende, me faz sonhar. Descobrir as multiplas variedades, tipologias, estilos de vinho no mundo é uma das tarefas de Hércules, mas um desafio de uma vida, uma forma de inconformismo. Isso e convencer os amigos, que um bom copo de vinho lhe pode dar mais garantias de aprendizagem que uma qualquer loura de aromas enfadonhos, sempre iguais e que nunca nos surprenderá. É preciso arriscar, provar, cuspir, delirar e continuar dia após dia a tentar. Despir esse capote de falsa hipocrisia e deixar de considerar esse combústivel do espirito livre e despreocupado, como uma bebida de elite, um culto snob ou simplesmente quadrado.A beleza do vinho reside no facto de ele ser um arco-iris de sensações, emoções e estádios de percepção. Existe um vinho para cada personalidade, para cada ocasião, para cada circunstância. Quem definiu que o vinho era algo para tomar com uma refeição super bem confecionada, ou num bom restaurante ou com uma companhia especial? Claro que é preferivel atingir-se o momento perfeito, mas, infelizmente, o nosso quatidiano nem prima pelo abonar de momentos perfeitos. E quem come comida congelada preparada no micro-ondas, enquanto janta sozinho em frente a um qualquer documentário de televisão, não ganhará mais se poder ter por companhia um copo de um bom ( para si)vinho que se vai descobrindo, enquanto os aromas se libertam, se abrem, se transformam com o aumento de temperatura. Não é assim que também nós reagimos?Dismistifiquemos o vinho. Ele é muito mais que uma mera bebida, é muito mais que um néctar dos deuses. Um bom vinho é ...aquilo que cada um de nós, da nossa história pessoal, da nossa arca de memórias põe nele. Um vinho é uma boa forma de nos conhecermos e está lá sempre. Nos bons, nos maus e principalmente nos momentos de incerteza, de descoberta, de experimentação....de crescimento.