sábado, janeiro 26, 2008

E em resposta...não. Não tenho nada melhor para fazer.

Avisos á navegação

1-Se procuram críticas de bons filmes...posso sugerir algum outro blog e desejar boas sessões.

2-Se procuram critícas literárias, bem fundamentadas por leitores compulsivos e cheios de frases espirituosas...a resposta é idêntica á primeira.

3-Se procuram informações sobre gatos persas...lamento, mas aqui para além de uma foto não existe mais nada. Eu até nem simpatizo com gatos.

4-Se procuram contos eróticos ou descrições de encontros clandestinos ao melhor estilo da porno-chachada-intelectual, sugiro que procurem blogs que comecem por pusssy ou trintona sexy ou algo do género. Eu até sou daquelas que acha que o sexo é sobrevalorizado.

5-Se procuram informações sobre o programa de filosofia do 11º ano, lamento mas trata-se apenas de uma coincidência de estilo, já que apesar de lá ter passado continuo a não entender nada da mesma.

6-Se procuram mensagens ou massagens ao ego, desculpem-me mas para esse peditório já dei o suficiente.

Então... e para que serve este blog? Para mim, para arrumar ideias, para me descobrir ao longo dos anos. Por isso e para os visitantes de passagem, não percam tempo e vão ler um livro que sempre aprendem um pouco mais. E leiam tudo...até a Margarida Rebelo Pinto, aqui não se tecem considerações sobre gostos alheios. E se depois quiserem opinar ou discutir o assunto, ai sim podem voltar.

A Closer Tribute

Finally Closer...

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Nem sempre é bom ter o que se deseja

"Querer alguém, ou alguma coisa, é muito fácil. Mesmo assim, olhar e sentirmo-nos querer, sem pensar no que estamos a fazer, é uma coisa mais bonita do que se diz.
Antes de vermos a pessoa, ou a coisa, não sabíamos que estávamos tão insatisfeitos. Porque não estávamos. Mas, de repente, vemo-la e assalta-nos a falta enorme que ela nos faz. Para não falar naquela que nos fez e para sempre há-de fazer. Como foi possível viver sem ela? Foi uma obscenidade.
Querer é descobrir faltas secretas, ou inventá-las na magia do momento. Não há surpresa maior.O que é bonito no querer é sentirmo-nos subitamente incompletos sem a coisa que queremos. Quanto mais bela ela nos parece, mais feios nos sentimos. Parte da força da nossa vontade vem da força com que se sente que ela nunca poderia querer-nos como nós a queremos. Querer é sempre a humilhação sublime de quem quer.
Por que razão não nos sentimos inteiros quando queremos? É porque a outra pessoa, sem querer, levou a parte melhor que havia em nós, aquela que nos faz mais falta. É a parte de nós que olha por nós e nos reconcilia connosco. Quanto mais queremos outra pessoa, menos nos queremos a nós...
Querer é mais forte que desejar, pelo menos na nossa língua. Querer é querer ter, é ter de ter. Querer tem mesmo de ser. Na frase felicíssima que os Portugueses usam, "o que tem de ser tem muita força". Desejar tem menos. É condicional. Quem deseja, desejaria. Quem deseja, gostaria.
Seria bom poder ter o que se deseja, mas o que se deseja não dá vontade de reter, se calhar porque são muitas as coisas que se desejam e não se pode ter todas ao mesmo tempo.Querer é querer ter e guardar, é uma vontade de propriedade; enquanto desejar é querer conhecer e gozar, é uma vontade de posse. O querer diminui-nos, mas o desejar não.
Sabemos que somos completos quando desejamos - desejamos alguém de igual para igual. Quando queremos é diferente - queremos alguém com a inferioridade de quem se sente incapacitado diante de quem parece omnipotente. O desejo é democrático, mas o querer é fascista.O que desejamos, dava-nos jeito; o que queremos fez-nos mesmo falta.
Mas tanto desejar como querer são muito fáceis. Ter, isto é, conseguir mesmo o que se quer é mais difícil. E reter o que se tem, guardando-o e continuando a querê-lo, tanto como se quis antes de se ter, é quase impossível.
Há qualquer coisa que se passa entre o momento em que se quer e o momento em que se tem. O que é?"Cada pessoa, - dizia Oscar Wilde, - acaba por matar a coisa que ama". Mata-a, se calhar, quando sente que a tem completamente. (...)
A verdade, triste, é que uma pessoa completa, a quem não falta nada, não é capaz de querer outra pessoa como deve ser. No momento em que se sente que tem o que quer, foi-lhe devolvida a parte que lhe fazia falta e passou a ter tudo em casa outra vez. Fica peneirenta, sente-se gente outra vez. É feliz, está satisfeita e deixou de ser inferior à sua maior necessidade. O ter destrói aquilo que o querer tinha de bonito. Uma necessidade ocupa mais o coração, durante mais tempo, que uma satisfação.
Querer concentra a alma no que se quer, mas ter distrai-a. Nomeadamente, para outras coisas e outras pessoas que não se têm. (...)É bom que se continue a julgar que aquilo de que se precisa é exterior a nós. Só quem está voltado sobre si, piscando o olho ao umbigo, pode achar que tem tudo o que precisa. (...)
Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. A coisa ou a pessoa que se quer têm o valor imediato igual a todas as coisas e pessoas que já se têm. Trocavam-se todas as namoradas, ou todos os namorados, que já se namoraram, pelo namoro de uma única pessoa que se quer namorar. É esta a violência. É esta a injustiça. Mas é esta também a beleza.
Quem aceitaria que um novo amor significasse apenas parte de uma vida? Não sendo a vida inteira, não sendo tudo o que importa, numa dada altura, num dado estado do coração, porque nos havíamos de ralar? (...)
O querer é bonito porque, concentrando-se na coisa ou na pessoa que se quer, elimina o resto do mundo. O resto do mundo é uma entidade muito grande que tem graça e tem valor eliminar.Querer um homem em vez de todos os outros homens, uma mulher em vez de todas as outras mulheres é fazer a escolha mais impossível e bela. Acho que se pode ter tudo o que se quer de muitas pessoas ao mesmo tempo, mas que não se pode querer senão uma pessoa.Ter todas as pessoas não chega para nos satisfazer, mas basta querer só uma, e não a ter, para nos insatisfazer.
É por isso que se tem de dar valor à vontade. Poder-se-á querer ter alguém, sem querer também ser querido por essa pessoa? Eu não sei.Como raramente temos o que queremos ter ou queremos bem ao que temos, é boa ideia dar uma ideia da atitude que se pretende. Em primeiro lugar, convém mentalizarmo-nos que querer é desejável só por si, pelo que querer significa. Quem tem tudo e não quer nada é como quem é amado por todos sem ser capaz de amar ninguém. Dizer e sentir "eu quero" é reconhecer, da maneira mais forte que pode haver, a existência de outra pessoa e de nós. Eu quero, logo existes. Eu quero-te, logo existo.
Em segundo lugar, ter também não é tão bom como se diz. Ter alguém ocupa um espaço vital que às vezes é mais bonito deixar vazio. (...)
Ter o que se quis não é tão bom como se diz, nem querer o que não se tem é assim tão mau. O segredo deve estar em conseguir continuar a querer, não deixando de ter. Ou, por outras palavras, o melhor é continuar a ser querido sem por isso deixar de ser tido. O que é que todos nós queremos, no fundo dos fundos? Queremos querer. Queremos ter. Queremos ser queridos. Queremos ser tidos. É o que nos vale: afinal queremos exactamente o que os outros querem. O problema é esse."

in OS MEUS PROBLEMAS, MIGUEL ESTEVES CARDOSO

Primeiro amor (re)visitado....

Ela voltou do passado dele e fez-se presente…ele anuiu e compriu o desejo, baixou as armas e deixou-se derrotar na batalha entre o amor e o orgulho. Não se lembrava o que tanto o atraia nela. Dela guardara, anos a fio, memórias soltas em palavras que lhe escrevia nos intervalos da raiva. Ela viu nele a sua juventude já um pouco gasta e, deitando por terra os sorrisos que o esperavam em casa pôs-se em fuga rumo a um caminho cheio de retratos, canções, suspiros e provocações.

Rejuvenesceu e fugiu pelo corpo dela. Embrulhados em lençóis novos saciou-se de cheiros e vontades, construíram planos, perspectivas e expectativas que se cumpriam tarde mas ainda a tempo. Ela adiava-lhe o tempo e evitava o frio do fim.

Lá fora a vida seguia em sessão contínua. Mas ali, os novos amantes revisitados invertiam os ponteiros e deixavam-se dormir.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Versos Perdidos

"Es justamente este momento en el que siento,
que tengo los labios secos y ello gracias a tu boca,
donde un dìa me besaste de noche con tu suave aliento,
no vi motivo para arruinar aquel hermoso encuentro,
esperè esperè y esperè como espera una roca,
pero ya hace surcos mi fatiga en la arena del desierto,
asì me quedarè aquì hasta que a la deriva lleguarè a tu puerto"

Jorge Martinez

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Cabo de Hornos Cabernet Sauvignon 2002- Vinã San Pedro



Graças a um operário em construção, está noite o jantar promete. A minha queda para a culinária, não me permite ir muito mais longe do que a conhecida Massinha com Bacon e Natas e com um pouco de sorte...uma saladinha da praxe. Mas hoje, o vinho é a refeição principal, porque este Cabernet Sauvignon, proveniente de vinhas com 60 anos e envelhecido em Carvalho Francês, ligeiramente tostado, com aromas a mirtilho e amora negra, café e fumos adocicados, enche toda uma mesa.Concentrado embora não demasiado encorpado, possui uns taninos elagantes e uma presença de adstringência bastante subtil.

Este vinho transporta-me a uma magnífica viagem ao Chile, onde o provei em primeira mão e tráz com ele uma palete de private jokes, memórias boas, muitas asneiras e o fim de tarde mais imponente que vi.
Como não sei fazer sobremesas escolhi para relaxar depois do repasto, uma companhia que também adora vinho...o mais famoso ugly sexy, Gerard Depardieu, aqui acompanhado por uma cota que já viu melhores dias ,Catherine Deneuve, no filme sugerido pelo Paulo Branco (ou não fosse ele o Produtor), "Os Tempos que Mudam".
Espera-se uma noite tranquila, ligeiramente enublada e com aguaceiros pontuais...

O Moleskine e eu

"Levo-te dentro da Algibeira
todas as manhãs ao sair de casa,
todas as tardes ao voltar.
Mesmo quando pareço despido,
quando pareço não ter algibeiras,
estás na algibeira do sonho,
no território da paz.
Levo-te onde couber o amor."

Ignacio Anzoátegui

terça-feira, janeiro 22, 2008

Landslide - Fleetwood mac

Tenho um decote pousado no vestido e não sei se voltas

"Tenho um decote pousado no vestido e não sei se voltas,
mas as palavras estão prontas sobre os lábios como
segredos imperfeitos ou gomos de água guardados para o verão.
E, se de noite as repito em surdina, no silêncio
do quarto, antes de adormecer, é como se de repente
as aves tivessem chegado já ao sul e tu voltassesem busca desses antigos recados levados pelo tempo:

Vamos para casa?
O sol adormece nos telhados ao domingo
e há um intenso cheiro a linho derramado nas camas.
Podemos virar os sonhos do avesso, dormir dentro da tarde
e deixar que o tempo se ocupe dos gestos mais pequenos.

Vamos para casa.
Deixei um livro partido ao meio no chão
do quarto, estão sozinhos na caixa os retratos antigos
do avô, havia as tuas mãos apertadas com força, aquela música que costumávamos ouvir no inverno. E eu quero rever
as nuvens recortadas nas janelas vermelhas do crepúsculo;
e quero ir outra vez para casa. Como das outras vezes.

Assim me faço ao sono, noite após noite, desfiando a lenta
meada dos dias para descontar a espera. E, quando as crias
afastarem finalmente as asas da quilha no seu primeiro voo,
por certo estarei ainda aqui,
mas poderei dizer que, pelo menos uma ou outra vez, já mandei os recados, já da minha boca ouvi estas palavras, voltes ou não voltes."


Maria do Rosário Pedreira in «366 poemas que falam de amor»

Para quem gosta de nuvens




Agradecimentos sinceros pela contribuição indirecta do Mike, para que os nossos jantares sejam um pouco mais animados..

Passa ai o SG!

O que direi olhando para ti…

...dependerá sempre de cada olhar.


A vantagem de se ter tempo, subitamente livre, ainda qua não pelos melhores motivos, é que nos dá espaço para descobrirmos novas coisas. Para além de ter percebido que não passo duma SALT(Y), encontrei uma belíssima companhia.

Este filme apresentado por Rodrigo Garcia, abusa da poesia como as palavras do pai,um complemento perfeito para uma união, Gabriel Garcia Marques . Um filme sobre mulheres nos seus diferentes estados, à beira do sólido, do desiquilibrio, do confronto. Personagens densas e marcadas em interpretações naturais e bastante simples. Com um ritmo tranquilo e musicado. Com Glenn Close, Cameron Diaz , Calista Flockhart, Holly Hunter, Kathy Baker.

5 histórias ancoradas em detalhes e coincidências.

A ver, na minha opinião mainstream.