segunda-feira, fevereiro 18, 2008

A chuva nas pregas do meu lençol

Hoje sonhei-te
deitado sobre o meu regaço no sofã apertado.
As mãos distraidas sobre o teu cabelo grande e despenteado,
como o velho gato que se confunde na almofada.
Lia-te poemas que não querias saber,
contava-te histórias que não querias ouvir,
só para sentir o teu sorriso no colo do meu pescoço,
que levanto displicentemente para te ver desejar,
como ao gosto da ameixa fresca do verão.
Sonhei-te de olhos postos do meu ombro,
brincando com o meu prazer,
ás escondidas pelas minhas costas.
Senti o teu sopro na minha nuca feito maré,
espuma fresca que vai e vem no fundo de mim.
Sonhei-me acordar para te beijar a face e ver-te dormir.
Ouvi-te múrmurar o meu nome, suavemente como quem conta um segredo.
Ardente.
Procurei a tua voz pelas cantos da minha cama.

Não te encontrei.
Encontrei as chuvas ,
miúdas pelas pregas do meu lençol.

Hoje, sonhei que era hoje.

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