segunda-feira, dezembro 22, 2003

A um amigo perdido...


Os tempos vão e voltam, da mesma maneira natural como os sonhos se esfumam no ar e renascem numa outra pele. Ás vezes as vontades chocam com os medos e dores alheias e qualquer amizade por mais forte e serena se abate como um pé de laranja lima... que nasce em cada estrada das nossas vidas. Tu e eu também temos um pouco desse menino, que brincava com malícia, amava ao desbarato e vivia para dar, mesmo que em ritmos diferentes. Quando a Maria te encontrou sabia perfeitamente das torrentes de vontades, das hesitações, dos medos , das tristezas, da saudade que essa amizade seria. Mas sabia também que esse menino de olhos tristes e sorriso condenado guardava um tesouro para explorar, seria um pouco do mundo dela que não se importou de partilhar...
Agora vais partir, embora materialmente daquele espaço que ambos partillharam e mesmo que não regresses ficara sempre guardado o teu lugar, que nunca ninguém poderá ocupar.
A Maria é louca e condenada também mas não é burra. Luta com teimosia por todos os valores que a fazem viver, tal como lutará por esse sentimento de amizade, por alguém que mudou a sua vida e lhe realizou um sonho. Quem diria que aquele olhar distante, numa noite de festa pela qual não daria três tostões furados lhe mostrou uma das pessoas mais maravilhosas que alguma vez conheceu! E encontrou alguém com quem partilhar a dor, as alegrias, os sonhos e aventuras do seu coração de menina.
Maria está triste ou melhor, tem medo ... medo de perder num horizonte tão vasto que os seus olhos não alcançam, aquele amigo, aquele confidente, aquele ponto de abrigo. Mas está viva e também feliz! Feliz por saber que ele vai ser feliz, amado e acarinhado como merece , como só as pessoas bonitas merecem.

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