O prazer último de nos sabermos diferentes. Saber que o nosso corpo é um luxo, em nada comparável ao triste sabor de um corpo de borla! A ignorância dos mais incautos e inofensivos, que nos faz rir de pena. A verdade, sempre a mesma verdade vem ao de cima, à tona de algo que não é límpido e quiças puro como a água. O limite da vulgaridade, do falso prazer, de uma suposta amizade, torna-se cada vez mais ténue. O doce e memorável sabor da tua boca, torna-se amargo pela pouca doçura de um carinho. O teu olhar perde-se nas dúvidas de uma razão, em lapsos de interesses, mais partilhados. Um segredo aqui, uma hístória ali, uma saudade. Espectacular são as transformações do teu ser, daquilo que és e teimas em não mostrar ou apenas nos salpicas disso quando a dor se mistura com o prazer e nos arranca as palavras da boca. A mesma que em tempos cantava princípios de liberdade, igualdade e nobreza, palavras esquecidas num plano material.
A triste certeza de saber que a candura se perde nos escuros corredores da memória, que a verdade é sempre relativa aos nossos desejos mais cruéis: sermos animais sem dó, com pouca piedade que nos resta do tempo de meninos; termos poucos medos e mais com quem dividi-los e acima de tudo, nunca estar só.
Talvez essa réstea de... algo que nos permite uma história única, um dia renasça num calor mais calmo, num prazer mais real, o da doce companhia daqueles que nos conhecem e gostam de nós! Como tantos nós queremos.
Talvez quando essa outra tarde chegar, com passeios fugazes por um rio que é mais nosso do que pensámos, nos encontremos à conversa, ao sussurro ou ás gargalhadas por toda a maldade de um segredo mal guardado, mas nunca totalmente assumido. Ningúem se entrega pelo simples prazer do outro, pela simplicidade da noite, quando o fogo não chega para consumir o orgulho, o respeito e a ternura. Essa não arde fácilmente, limita-se a apagar para renascer momentos mais tarde, sobre a forma de sorriso, de abraço fechado ou simplesmente de um olhar que diz: “ Se as tuas guerras te levarem à derrota de ti mesmo, procurarei uma outra causa por que lutares: Os heróis só o são por teimosia e amor, aos olhos de alguém que os admira”.
25 de Julho de 1997
segunda-feira, dezembro 22, 2003
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