Maria saiu uma noite, dançou pela cidade toda, encantou em cada colina, seduziu em cada beco… encheu de perfumes toda a brisa . Enquanto isso morria de desejo por uma noite, a noite do brilho das águas mais poluídas fascinava o seu pensar. Em Paco gastava as palavras, os sorrisos, os segredos do armário dos esquelectos.
A cada levantar das suas mãos, ela recolhia-se ao doce prazer de se saber menina e não querer anuir num mesmo desejo, apenas por uma noite, ou duas, três, ma infinidade de momentos e enquantos entre portas mal fechadas, escadas sem sentido ou aventuras perdidas na mesma sequência da nudez. Mas veio a primeira e todas as noites que se seguiram, marcaram a sua inocência a ferros, pela intensidade da sua entrega e amor por alguma mentira que conhecia. Paco tornou-se no seu objecto de fantasia, o seu amigo secreto, o prazer declarado! Mas… não era só o corpo que matava essa fome de bem estar. Eram as suas palavras, as suas certezas, os medos, o orgulho, força,poder, saber, vaidade, tristezas, mentiras e um rol de qualquer coisa que lhe enebriava os sentidos.
Nos seus braços perdia as batalhas contra o medo, a timidez, a insegurança e entregava-se a cada pedaço de prazer, gozo infinito patente nos sussurros dele sobre uma orelha ávida.
Sabia que Paco se afundava no seu corpo, tal e qual nos corpos alheios para esquecer um peito que bate longe de si. Mentia descaramente da mesma maneira que dizia a verdade, com a mesma convicção. Maria sabia que todo o seu querer direccionado, não bastaria para acalmar aquela sede de vingança, por um amor que partiu… Gostava contudo de dar prazer, de amordaçar o corpo a outros corpos, a uma diversidade e pluralidade de pessoas. Tirar o máximo partido das situações mais obtusas que lhe apareciam. Mas a Maria continuava a quere-lo. No fundo da sua alma não lhe tinha raiva. Quanto muito um pouco de nojo por tudo o que dava, sem ter a certeza de quere-lo.
Maria partia em breve para longe de tudo om que lhe lembraria Paco. Levava os segundos de paixão guardada na algibeira, para se aquecer nas noites longas de Inverno, Guardava para si a certeza de um momento repartido de prazeres e um sorriso apanhado á sucapa. Assim se guarda a ternura…numa caixa fechada para sempre, com buracos para que respire!
segunda-feira, dezembro 22, 2003
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