quarta-feira, março 26, 2008

"Uma Rapariga começa a ter uma vida difícil muito cedo. Sobretudo quando tudo dura pouco tempo. Sem protecção do pai, dos anjos ou de Deus, ninguém sabe o que se pode, não se pode nada. Por isso com a alma aflita, uma rapariga procura sentimentos recíprocos em muitos sítios onde não devia, em que já sabe que não vai encontrar nada de jeito, porque os vícios colam-se às pessoas quaisquer que elas sejam, más ou boas. E depois é tarde e uma rapariga é um ser volátil que se queima.(...)
Isso faz sofrer muito. E nem todas as maneiras são boas para esquecer o que faz sofrer. Por isso ria muito e saía muito e deitava-se muito tarde. Às vezes quase com quem calhava, porque também não importava muito. Mas quase sempre sozinha com um urso de peluche.
É horrível saber que se pode ter este rapaz e aquele e todos este senhores tão ricos e bem vestidos e perfumados e não haver nada que se queira fazer com eles a não ser matar o tempo.
(...)Quando ainda se acredita que no mundo há coisas preciosas, cada vez mais preciosas porque cada vez mais raras e difíceis de encontrar quanto mais de viver.
(....)Eu dizia-lhe que gostava muito dela. Ela dizia que me adorava. Nenhum de nós acreditava. Queríamos muito acreditar e não conseguíamos. Fazia doer."


"Desejei-te ontem, de mais, e hoje também. Todos os dias são o mesmo dia quando te desejo assim. Só penso em ti. És inigualável. De olhos fechados consigo encontrar-te noutros corpos, mas só o teu amo de olhos abertos. Amo-te de mais. Dormi agarrada à camisola de que te esqueceste. Ela ainda tem o teu cheiro. Vou guardá-la numa caixa para continuar perfumada. Não te a darei de volta. Não peço o teu amor. De ti não exijo nada. Mas nunca me digas que o amor é impossível. Tu fazes-me viver, sonhar, acordar com pesadelos. Tu és o meu diamante solítário e entre nós não há qualquer contrato.
Quando te escrevo tu não foges das minhas páginas. Quando te escrevo tu ressuscitas a minha alma. Acompanho o teu sorriso de longe e de perto(...). Guardo comigo o teu olhar e sei que te recordas do meu corpo a tentar convencer-te que o meu amor é inteiro, embora nunca o seja o bastante.
É bom desconfiar do amor porque ele às vezes é traiçoeiro, metamorfoseia-se em reles sentimentos, eras tu que mo dizias. Eu não concordo."

Pedro Paixão

Sem comentários: