Nem sempre as pessoas com as quais cruzamos a vida se apercebem ou deduzem o efeito, quase borboleta, que impactam sobre a nossa existência, os nossos sonhos, os nossos modos de agir, no fundo, a essência daquilo que somos e que em nada se poderá considerar como uma fórmula acabada e fechada. As expectativas que brotam em nós cada vez que os nossos olhos se enamoram condicionam, na sua existência, a viabilidade do relacionamento e tantas vezes a simples concretização de um novo amor.
O nosso amor, o nosso "jeito" de amar (ou a falta dele), é o reflexo do acumular de desejos inconfessáveis pelo medo da desilusão, pela desconfiança, pelo reflexo do passado e dos seus resultados.
Aquele amigo que se admira, que se estima, que se ama e que no melhor dia da nossa vida nos traí vai levar-nos, muitas vezes, ao desenvolver de amizades protegidas, com barreiras pontuais que dificilmente permitirá um acreditar incondicional e não nos deixará ver o outro como realmente é, mas apenas como o feedback da nossa reacção o permitir.Tornamo-nos reactivos.
O incondicional dos afectos é uma ambição constante, mesmo quando o nosso lado mais racional e prático nos diz que não passa de uma procura. É o impulso da procura que nos move, que nos leva a tentar acreditar, ainda que á custa de tanta coisa que nos faz menos espontãneos, quiça menos verdadeiros afastando sempre um pouco mais o incondicional.
Descobri nas últimas semanas que o incondicional, o querer incondicional, o afecto incondicional , à excepção do que se sente pelos nossos filhos como qualquer outra fêmea animal sente, não é sempre assim tão bom.
Sentir um amor quase perfeito na dimensão e intensidade, pode ser desastroso quando se sabe que não é praticável, mas acima de tudo quando não se merece. É um peso grande demais para se suportar. Bloqueia a nossa capacidade de dar, de querer sequer encontrar outro destino do nosso afecto, no medo de desiludir, por medo da reprise de ser a razão da dor de alguém. E esse afecto é tão volátil, sem o objecto do amor, que de repente se veste de ódio e nos abondona a um esquecimento de memórias amargas, e venenosas.
Este desconexo de ideias que saltitam de forma presente em mim, talvez toldadas por um excesso de cansaço, na derrapagem de um investimento embargado são um pensamento alternativo que permite que a tristeza não me coma. No fundo, o excesso de um amor condicionou a entrega de outro, num ciclo que se tenta romper a custo de muitos silêncios e pezinhos de lã. Talvez se refaça a forma, talvez se conquiste o acreditar, talvez se volte a sonhar com o último olhar, mas por agora levam-se os dias devagar...a tentar.
terça-feira, julho 31, 2007
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