segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O meu pé de vida

Quando soube que ia ser mãe, toda eu fiquei feliz. Ainda que por momentos a angústia da novidade, da ansiedade, da incerteza tenha tomado conta de mim, cresceu em mim uma convicção alegre de que tinha dentro de mim alguém especial.
Foste especial desde os primeiros momentos de uma gravidez complicada, diferente, por vezes até dolorosa. Eu queria-te. Queria-te muito. Contava os dias para o momento em que te teria nos braços, em que te olharia fundo nos olhos e perceberia a razão daquele amor tão incondicional.
Do momento em que saíste de mim, em que nos separamos, em que passou a ser tu e o mundo e não apenas um nós seguro, lembro a ausência da força. Não te consegui pegar. Riam do meu estado esgotado, mas sabia-te bem e saudável e podia permitir ao mundo, ao teu pai, aqueles momentos únicos.
Quando te trouxeram vestido e lavadinho, bem embrulhado, colocaram-te entre as minhas pernas. Confesso que essa forma de te transportar me fazia confusão. Mas essa sensação logo se esfumou quando um amontoado de almas excitadas te adoravam, se derretiam e trocavam piropos sobre as parecenças. Eu, que sou uma pessoa incapaz de ver parecenças em bebés, sorria por dentro. Por confirmar o quanto adorado e esperado eras.
A tua avô delirou contigo desde o momento em que te viu. Como ela te amava. Sinto saudade dos telefonemas diários dela, para saber do “nosso menino”. De manhã para saber como passaras a noite, se comeras bem, se foste contente para a escola. Á noite só para te saber feliz. Mesmo quando estava doente, muito doente meu amor, ela queria estar contigo. Esforçava-se porque sabia o quão bom isso era.
No dia do teu primeiro aniversário disseste “olá”. Subiste apoiado e devagar as pequenas escadas, encostaste-te à floreira e disseste “olá” a sorrir para uma plateia que se deliciava.

(continua)

1 comentário:

Piloto Automatico disse...

Por favor não te esqueças de continuar.
Um beijo para ti, do tamanho do mundo.
F