terça-feira, fevereiro 10, 2009

Gosto de ti...


Tenho uma embirração de estimação pelo dia de São Valentim.(ergue-se o coro à voz pequena a chamar-me nomes tão bonitos como “ressabiada”, mal amada, mal ...).
Custa-me a aceitar o amor com marcador de agenda, a foleirice de esfregar na cara de outro(s) que se tem um mais que tudo.
Eles e elas aproveitam para comparar afectos, com base na carteira alheia ou na enorme imaginação roubada em qualquer publicação. A única vez que festejei a data tinha 16 anos e no mesmo dia, deixei de ter motivos para o festejar,mas no entretanto lá recebi o tradicional bouquet de rosas vermelhas. Contudo, ao longo da vida e em tantas outras épocas do ano, já fui presenteada com dezenas de prendas e surpresas que fariam corar de vergonha qualquer Valentim a soldo em agência de Publicidade.

Amigos e amigas andam num desassossego com os preparativos do dia 14. Elas em pulgas a comprar lingerie, a aprender a dança do varão ou a marcar mesa em restaurantes sofisticados da moda e eles desvairados a imaginar o que lhes vão dar, receosos do risco que correm se por azar do destino ou má conselho da menina da perfumaria errarem na escolha. (Nota: elas não sabem o que querem, por isso irão sempre colocar defeito...pelo menos ao ouvido da amiga).

A mim, ambos, pedem ajuda para escrever declarações de amor que colocarão nos postais com imagens de ursinhos abraçados ou fins de tarde em praias paradisíacas que muitos nunca visitaram ou irão sequer fazê-lo juntos. Eu, confesso, assumo o papel de mercenária do amor. Escrevo sinceramente sobre um amor, ou vários amores. Porque de amor se tratando, correspondido ou não, já muitas latas de tinta fiz correr. Já recebi muita carta de amor e já escrevi outras tantas, na sua maioria sem que o destinatário tivesse qualquer participação nesse momento de afectuosidade criativa. Já escrevi sobre todos os tipos de amor e este blog faz prova disso. Do amor próprio, do amor aos filhos, incondicional e severo, do amor apaixonado, do amor comovido, do amor incorrespondido, do amor à distância, acima de tudo, do amor por defeito.

Lamento contudo, que o “amor” que une todas estas pessoas que me pedem palavra, não tenha linguagem própria ou citação adaptável escolhida por quem realmente quer mostrar-se ,assim despido de pré-conceitos, de vergonhas, numa nudez de sentimentos que só nos pode tornar mais amavéis.
Eu, por mim, continuo a preferir as declarações cheias de erros ortográficos e palavras desadequadas, nas quais reveja o valor daquilo que sou ás mãos do outro.

Pensando bem eu troco todas as palavras pelo silêncio da boca no avesso das palavras.

Nota: Apesar da embirração não quero deixar de contribuir de forma mais alargada, para que todos os visitantes do blog, caso necessitem, possam inspirar-se na propagação dos amores e como prova disso cá fica um amor com “fairplay”.

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