O ano velho já se foi, o ano novo já se cheira e o silêncio torna-se a companhia desejável. As crianças dormem, satisfeitas, quentes, sorridentes e expectantes destes novos dias ainda embrulhados. Lá fora, celebrantes compulsivos disparam para o ar, não sei se para matar o ano velho ou assustar o novo. No rosto daqueles que no frio se embalam e impulsionam á base de alcool, numa tentativa obrigatória de acreditar, ou numa expectativa idêntica a que se sente após a primeira relação sexual, reflecte-se um olhar vazio, efémero, sem cor.
Sento-me no sofã e olho para o meu presente de 2008, uma bela garrafa de Dourat. O meu presente. Abro-a devagar. Deixo-a respirar. Admiro-a e ao primeiro golo percebo porque me fascina sempre, de cada vez, mais uma vez.
Quando se chega ao fim, começa-se a pensar no início. Isso mesmo nos dá, também um bom vinho.
Eu penso em tantas coisas que 2007 me trouxe:
O vinho do ano: FLP Branco 2006 (Filipa e Luís Pato)
A surpresa do ano: Bairro Alto, um bar sem nome; e os Cure
O melhor momento: todos os dias quando senti um abraço e o beijo quente dos meus filhos;
O momento mais difícil: a escolha de uma vida
O Jantar do ano: Vírgula
O melhor presente: Uma caixa
Livro que mais gostei: Ultimato em Lisboa, Robert Wilson
Filme que mais me tocou: A vida dos Outros
O momento mais marcante: dia 1 de Janeiro de 2007
Desejo concretizado: deixar de roer as unhas
Melhor fim-de-semana: Vila Viçosa
Melhor Paisagem: Provença
Assim, de desejos para 2008 tenho:
Que me traga tantos momentos como estes, que me dê disponibilidade e serenidade para apreciar as pequeninas coisas boas da vida, que mê saúde e força, para trabalhar e aprender e ser uma boa mãe, que me continue a surpreender e que , no fundo...seja um pouco melhor.
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