São como amigos inopurtunos. As palavras que nos aparecem assim sem jeito, a horas despropositadas e a contra-gosto. Não se calam.Bombardeiam-nos todos os cantos da alma, fazem complot com sentimentos traiçoeiros e minam pensamentos que se querem de tranquilidade.
Esforçamo-nos por esconde-las, reformulá-las, mas por muitas voltas que se dê ao texto elas conseguem reunir-se e dançar a marcha da vitória.
Há palavras que não queremos soltar. Doiem a sair. Mas ferem mais cá dentro, fervendo e queimando a esperança que brota do silêncio.
Como se desamarra o amor?Como se solta um amor que cresceu de mansinho, sem maldade, sem tropelias e se quer manter agrafado ao mais intimo de nós. Como se despede o amor?Sem justa causa? Quando não se tem a certeza de o querer deixar partir. Como se mantêm o amor, que se quer, quando o sentimos partir sem jeito, dia-a-dia um pouco mais?Como se acredita no amor? Como se prova o amor?
Não é a primeira vez que o amor se vai, também não é primeira vez que se manda embora o nosso amor, que vimos crescer, que faz parte de nós, que nos aquece, adormece seguro, mas hoje a certeza dessa partida doi, faz as lagrimas cairem devagar, lavando as memórias futuras que se desejam tanto.
Às vezes a paixão disfarçada de amor, chega devagar, mascarada pelas palavras, pelo desejar sincero e profundo e quase nos convence. E quando nos convence e nos leva a dançar, nos faz ficar acordados altas horas da madrugada a sorrir e a achar que aqueles olhos são a paisagem mais perfeita que os nossos olhos alcançam fincam pé em nós.Deixam raizes.
E ai todo um novo eu nasce, limpo de nódoas, de mágoas, coberto de uma força imensa que nos faz ir o mais além de nós. Que nos faz querer transformar cada dia do outro ser, de o festejar, de agradecer ao acaso que nos fez cruzar a mesma rua.
Como se diz adeus ao amor sem ficar com um vazio imenso que nos treme a cada lembrança, a cada saudade que se tem, ainda antes da derradeira partida.Que de joelhos no chão, arrastado a gritar nos pede que fiquemos?
Podemos dar-lhe outra roupagem. Convencer-nos com jeitinho que é preferível um novo amigo a um amor gasto, consumido. Mas nunca é o mesmo. A cumplicidade que se constrói pelo meio do corpo, de pernas entrelaçadas, de roupas despidas, de lágriamas lambidas, nunca se repete, não fica connosco nesta nova função.
Gostava que o meu amor tivesse ido comprar cigarros, que se demorasse, mas que voltasse e abrisse a porta com jeitinho para não me acordar. Eu ia espreguiçar-me e fazer cara feia ao senti-lo entrar na cama, resmungar de soslaio e adormecer embalada pelo cheiro e a sua canção.
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