sábado, abril 21, 2007

O meu T 0


Falamos...voltamos a falar e continuamos a árdua tarefa de sermos convencidos de nós mesmos. Descobrimo-nos nas palavras dos outros. E surpreendemo-nos connosco mesmo.
Damo-nos sem nos dar. Revemo-nos sem lembrar...sem mágoa nem medo.
Deixamos este universo parelelo fazer parte de nós, abrimos a porta e convidamos a entrar. Mas limpam os pés. Descalçam os sapatos. Não se sentam.Apenas espreitam.
Abrem-se por detrás de ausências. Sem pudores e nojos. Deitam a alma pelas tripas e é um ver parir de emoções.
E de repente...em cada palavra vão crescendo em nós. E nós meio sem dizer queremos crescer nelas, sempre do lado de dentro da fechadura.
Sabe bem esta forma doce, medrosa e aventureira de conhecer estas almas que depenadas de coisas que lhes fazem falta se deixam abraçar e voltam sempre.

Não sei bem explicar porque...ás vezes parece que o mundo me quer dizer algo. Que a medo me tenta convencer a deixar ir. Deixar de procurar respostas...ficar-me pelas perguntas que ecoam o tempo todo dentro de mim. Será esta curiosidade o que me faz ser quem sou. A flor de mim. A semente que vou deixando?

E todas as ruas vão dar a mim. E todos os passos me encontram. E todos os rostos parecem ter as minhas respostas. Faço a tabuada mais uma vez e não consigo entender a estatística. Continua a não fazer sentido. O meu número primo está lá.Continua a ser o mesmo. E o resultado? Não sei ...sempre fui má a matemática.

Mas assim...entre palavras, muitas palavras, muitos risos e espantos que não se veem mas sentem. Entre opiniões bem fundamentadas, conhecimentos que se emprestam, paisagens de outras terras que nos dão embrulhadas em memórias individuais, vamos criando uma história que será só nossa.

Assim....vamos todos á Provence se isso nos fizer pessoas melhores....
Vamos aprender a tocar piano, sozinhos, para adormecer o cão....
Mudemos de mundo, de cidade, mas vamos despir o casaco....
Desafinemos a alma em discussões de dedos...sem medo...porque os risos e sorrisos ainda não matam.

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