"Não conseguia esquecê-la.Não percebia como amando tanto aquela mulher,vivendo com ela uma osmose prolongada,via um amor assim sucumbir inapelávelmente por uma reles apneia.Tinha de vê-la.Já há um longo mês que a não via.Acordou com a alba,enfrentou longos quilómetros com a esperança no olhar,percorreu caminhos que bem conhecia.Ia contemplá-la á distância.Para ele era muito pouco,mas habituou-se sempre a ama-la nada querendo em troca.Mergulhou na periferia de uma grande cidade.Um lugar feio,onde parece tudo clandestino.Nada disso lhe importava.Para vê-la passearia de olhos fechados num generoso tapete de minas.Chegou e sentiu-lhe o aroma,que lhe perfumava a vida.Procurou o carro.Fácilmente o encontrou,porque a conhece,como ela o conhece.È capaz de prever cada reacção,cada esgar dela,como ela os dele.Comprou uma rosa.De vermelho vivo.Como o amor que por ela sentia.Chovia bastante.Protegeu a rosa da intempérie,envolvendo-a num saco de plástico.A protecção da rosa simbolizava toscamente o zelo extremado que sempre deu áquele enorme amor.Um simples guardanapo de papel,colhido num café das redondezas,acompanhava o simbolo do amor fervente,de um amor escaldante.Ficou de tocaia á espera dela.Quatro longas horas,perante o olhar desconfiado e inquisidor dos passeantes.que tentavam lobrigar no olhar dele um laivo de malvadez.A todos fitava com garbo,abrigado da chuva,com imenso amor cravado no olhar.Esperava por ela.Como tantas e tantas vezes.Tinha que vê-la!Tinha de vê-la sem ser visto,porque depois de tantas provações,sentindo na pele um altivo desprezo,não podia aceitar mais uma rajada de rancor,num simples olhar.Desta vez não.De súbito ela surgiu!A mulher que ele amava ilimitadamente.percorreu um caminho breve até ao carro,enchendo de magia e beleza,um lugar cinzento e torpe,e sobretudo,inundando-lhe a alma de euforia.Ela pareceu pressenti-lo,olhando várias vezes para tras,rastreando a rua,mapeando e sentindo o cheiro.Não o viu,mas sentiu-o.Quando ele sentiu a sua partida,precipitou-se para o lugar onde tinha estado o carro,emoldurado pela rosa.O tálego inclemente cortou a noite fria e martirizou-lhe o ânimo!A rosa indefesa,repousava dentro do saco protector,em cima do muro frio!O desespero assaltou-lhe os sentidos.Como era possivel,tanto ódio,a quem sempre deu e continuava a dar amor,sem nada querer em troca,num amor puro ,torrencial e desinteressado,mesmo na mudez dos dias e na ditadura da indiferença?Um rio de lágrimas invadiu-lhe o rosto,enquanto um oceano vigoroso,mas silencioso lhe submergia a alma.Uma tristeza imensa acompanhou-o no regresso,pensando em desistir de quem tanto o magoara,mas a quem tanto amava.Mas de repente o viço úbere do amor alagou-lhe de novo a mirrada alma e esta correspondendo áquele voltou a medrar e a crescer.Imediatamente a seguir,enviou-lhe uma mensagem escrita,assumindo que,apesar de humilhado e magoado,ia retribuir com gestos de quente e invencivel amor,a um gesto frio de indescritivel ódio.E mais uma vez,desdenhando da distância,cumprimentando a aurora,desprezando a fadiga,ele vai querer vê-la,sempre se interrogando,porqùê,ansiando por um sorriso,e numa voz meliflua e apaixonada,entre abraços e beijos,lhe perguntar,como tantas e tantas vezes:Estás bem,minha razão?Desculpa se te fiz esperar!E ele num sorriso incontido,dir-lhe-ia:Por ti esperei toda a vida e mil anos esperaria!Trocando abraços e partilhando beijos,ignorando o mundo,porque o mundo é deles. "
Superpoderes
2 comentários:
É de cortar a respiração... Impossivel não sentir a dor, a frustração, o frio da pedra e a chuva. Eu acho que ela não merece tanto, mas tu também achas que o meu ele não merece nada. Visões sabedoras demais para controlar os ímpetos sem razão do amor. Um dia vamos ser felizes!!!
É de cortar a respiração... Impossivel não sentir a dor, a frustração, o frio da pedra e a chuva. Eu acho que ela não merece tanto, mas tu também achas que o meu ele não merece nada. Visões sabedoras demais para controlar os ímpetos sem razão do amor. Um dia vamos ser felizes!!!
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