Perante as lágrimas dela, o meu sofrimento egoista virou redundância.
“Tu não és a minha mãe! Tu não és a minha mãe!” gemia a minha filha encolhida sobre si, incapaz de me olhar nos olhos, como se a minha presença a assusta-se ainda mais. Tentava a todo o custo tranquilizá-la, mostrar-lhe o quanto a quero, o quanto são eles a coisa boa da minha vida correndo trilhos na minha cabeça a tentar perceber o porquê daquelas palavras.
Segundo ela, eu não sou a mãe. Sou alguém igual à mãe, mas que não é a mesma mãe. Não é uma mãe que sorri, não sou uma mãe “querida”, não sou uma mãe presente. Mas, apesar deste rol de queixas, ela ainda gosta de mim.
No instante que ouvi essas grito de desespero, e por entre gritos cortados a seco do fundo de mim percebi
É difícil, cansativo e diário o esforço por sermos o herói, o tesouro, o segredo mais belo de alguém, mas basta uma pequena escorregadela sem queda aparatosa, para passarmos a ser a desilusão de alguém.
Nos últimos dias a contagem fez-me perder. Eu perdi dois heróis e ganhei o estatuto de “estranha”.
sexta-feira, dezembro 05, 2008
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