domingo, setembro 28, 2008

Entre portas


Entre portas há silêncios. Entre portas há paz. Pela primeira vez em muito tempo, há neste espaço uma imensidão de sabores que se vão saboreando. Cada esquina, cada recanto, concede momentos que a pouco e pouco ajudam a construir um registo simpático, tranquilo, acolhedor.
Há na vida inúmeras razões para mudar. Inúmeras circunstâncias que nos moldam. Toneladas de experiências que em passos de segundos nos corrigem. Uma casa é um motor tão forte como qualquer amor, ou abraço desejado em desespero.
Hoje, essa casa é minha. Essa mudança é minha. A razão do meu silêncio.
Tem o meu cheiro a correr à mistura com as minhas vozes. A 3 a 4 ou a 6 decibéis de prazer. Está repleta de passados. Cheia de escolhas próprias que reflectem como espelho velho e amarelecido pelos milhares de olhares, aquilo que fui, aquilo que ambiciono ser e melhor ainda, aquilo que sou.
As ausências também têm um tecto aqui. Quando se fecha os olhos e entre cortados eles nos levam de volta a outras casas. Quando nos entre alma adentro as pernas por cima de tapetes que antes se pisaram. E ao rever vemos os livros que hoje se lê, as palavras desditas dos jornais de hoje. Os sorrisos ténues de certezas, esperança, de quem pensa noutras casas, noutros móveis, cheiros, pedaços de dia-a-dia espalhados.
É por isso que me escrevo. Para que daqui a muito tempo, também outros passos regressem aqui.

1 comentário:

Anónimo disse...

que bom que escreves! e escreves tão bem... continua! segue sempre!